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O Princípio Biocêntrico - 2ª parte

Nesta época conturbada que a humanidade está passando, onde a comunicação reforça o ter sobre o ser … o homem só tem direito de se sentir realizado se tiver carros do ano, casas maravilhosas e uma infinitude de parafernálias supérfluas… tem uma percepcção distorcida, não confiando nos outros nem em si mesmo” (Soares, E. G. 1995).

Se, na visão da Física Quântica, nós criamos o mundo que observamos, na abordagem Biocêntrica afirma-se que a noção de vida, com dimensão planetária ou cósmica, está presente na ciência, nas experiências místicas e na vida comum de qualquer pessoa sensível.

Alguns dos mais importantes representantes da ciência contemporânea tiveram a percepção da existência de uma ordem evolutiva do Universo, uma espécie de “propósito inteligível”, que permite à inteligência humana descobrir relações sistémicas dentro da realidade. Daí que, investigar e vivenciar essa presença da vida, inevitavelmente, nos conduzirá a novos paradigmas da existência.

O Princípio Biocêntrico considera as interações, as conexões do sistema vivo e propõe ir além do enfoque antropocêntrico, que procura explicar o significado do Universo partindo do referencial humano, para dar prioridade à vida, deixar a ilusão do determinismo físico e abandonar progressivamente o pensamento linear, para entrar na percepção topológica e na poética da totalidade.

O caminho apontado abre-se a um novo modo de sentir, de pensar e de agir inspirado em toda a Vida e permite ao ser humano experimentar uma qualidade transcendente de si próprio e do Todo.

Leonardo Boff, no seu livro “A Ética da Vida”, segue esta mesma linha e afirma “hoje, em face da crise ecológica mundial, a grande pergunta é: como viver? Como nos relacionar com a Terra para preservá-la, não ameaçá-la para garantir a nossa própria vida e existência de todos os demais seres que vivem na Terra?”.

Neste Princípio e na prática da Biodanza® procuramos dar uma resposta pela positiva, vivendo no respeito e na solidariedade para com todos os companheiros de vida e de aventura terrena, humanos e não humanos, para que todos possam continuar a existir e a desenvolver‑se.

O homem precisa compreender que é um componente de um sistema muito maior, que as suas ações são capazes de modificar esse sistema e, por outro lado, ele está igualmente sujeito às modificações trazidas por este sistema.

Quando trazemos a Vida para o centro, dando-lhe o foco da nossa atenção, como ocorre no Princípio Biocêntrico, voltamo-nos também e naturalmente para as questões existenciais e para a consciência da Vida inscrita no ser humano, em toda a sua multidimensionalidade.

Em Biodanza® toda a expressão, todo o movimento, toda a dança, é uma linguagem viva e nasce do ser no momento intensamente vivido aqui e agora, da Vivência.

Para Roger Garaudy (Dançar a Vida, 1980), “Dançar é um modo de existir. Não apenas vago, mas celebração, participação e não espetáculo, a dança está presa à magia e à religião, ao trabalho e à festa, ao amor e à morte. Os homens dançaram todos os momentos solenes da sua existência: a guerra e a paz, o casamento e os funerais, a semeadura e a colheita”.

Catarina Almeida, 13Dez16

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